sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Um olho no amanhã, outro no presente.

Demoramos a postar novos textos, pois queríamos ver a capacidade da cidade e, logicamente, dos seus principais atores de produzir novas realidades. Pagamos para ver a emergência de eventos, políticas públicas e tomadas de decisões que tivessem o potencial de mudar um pouco a paisagem que se nos apresenta em Seropédica. Paisagem esta bastante ilustrada aqui no Diário da Lixolândia.
Aquilo que lemos e entendemos como “realidade seropedicense” foi bem esmiuçada nas postagens anteriores, e os temas foram se repetindo. Para piorar, vemos uma grande dificuldade para produzir informações relevantes e confiáveis. Tudo o que chega em Seropédica vem na forma de boato. Pouca coisa aconteceu e até agora continuam os boatos. A exceção fica por conta da informação, em um jornal, sobre a vinda de uma montadora de automóvel para a cidade. Enquanto não se materializa esta possibilidade, a cidade continua carente de acontecimentos que façam-se sentido no longo prazo.
A vinda da montadora chama atenção para algo importante: o poder público municipal e estadual tem condições de planejar e receber um investimento dessa natureza? Será que o governo estadual fará o mesmo que fez com a CSA, implantando um colosso daqueles em meio a uma região cercada de favelas, sem que fossem gastos quaisquer centavos para transformar aquela paisagem urbana degradada? Do dinheiro gasto na CSA, não faria falta alguma o investimento para promover uma reurbanização naquela área mal ocupada. Nada foi feito, e o que temos hoje é uma mega siderúrgica implantada numa área urbana degradada, gerando problemas, enquanto o governo estadual faz parecer que está punindo a empresa. E se fizerem o mesmo em Seropédica, implantando aqui uma montadora, sem que essa paisagem de bairros jogados a beira de uma rodovia seja transformada? Corremos esse risco.
Tudo o que o Diário da Lixolândia queria era ver acontecer mudanças que fizessem deixar no passado o mote “Seropédica – lugar de lixo feliz”. Entretanto, passados exatos 6 meses (a última postagem foi em 29/6/11), a lógica desse mote mantém-se:  Seropédica virou a lixolândia, lugar onde o lixo dos outros recebe mais atenção que a própria população da cidade. Esta, como vemos diariamente, continua agonizando na péssima estrutura de saúde, na beira da rodovia – exposta diariamente a riscos de acidentes –, nas ruas da cidade – onde quem manda são os carros, caminhões e motos –, nos ônibus da Real Rio e da Ponte Coberta, viajando horas para ter acesso a trabalho e serviços essenciais à sobrevivência.
Vamos a alguns tópicos gerais:
  • Trânsito - Infelizmente nada foi feito de relevante em 2011. Este continua caótico, seja pelo volume, seja pela falta de controle do poder público. A prefeitura colocou faixas e moderadores de tráfego em algumas ruas, mas não põe fiscalização, nem promove a educação da população. O resultado é que aquilo ou nada é a mesma coisa. Eles só servem para sinalizar o local exato onde seremos atropelados! Foi colocado asfalto, mas não cuidaram das calçadas (os passeios), fazendo com que as pessoas fiquem perambulando pelas ruas, correndo o risco de se ferir. Já está na hora de transformar algumas vias em mão única, gerenciando melhor os fluxos. A carga e descarga do comércio continua uma bagunça.
  • Ruas - ainda estamos numa época onde se acredita que colocar asfalto em rua é sinal de modernização. O asfalto posto em Seropédica já começa, em algumas ruas, a dar problemas. Principalmente porque não consideraram o peso dos veículos que trafegam, o que solicitava que fosse feita obra de verdade. Infelizmente, colocar asfalto sobre paralelepípedo não é obra de verdade.   
  • Barulho – Seropédica continua uma cidade perigosamente barulhenta. O número de carros de som anunciando festas, informação do comércio e anúncios de políticos só faz aumentar, sem que haja qualquer regulação. Resultado: eles sonorizam onde querem e a hora que bem entender. Com isso, sofrem os colégios, hospitais e os moradores, logicamente. Ainda tem os carros de gás, as motos com escapamento modificado e as pessoas que insistem em usar o som dos veículos em altos volumes. Tudo sem que haja qualquer controle da prefeitura.
  •  A festa do poder público – simplesmente não dá para esquecer o dinheiro público que a prefeitura investiu na propriedade privada onde fica a Secretaria de Educação. É um absurdo, uma falta de respeito que a Câmara de Vereadores abençoou, porque não fez nada para contestar. E o que é mais interessante: a única secretaria que tem investimento para melhorar as condições de trabalho é justamente a ocupada pela esposa do prefeito.
  •  Aterro Sanitário – Seropédica virou a lixeira do Rio de Janeiro e, o que já era esperado, emerge: quem ganhou foi a cidade do Rio de Janeiro e a empresa privada que cuida do lixo de lá. Quem perdeu fomos nós, pois tivemos uma grande porção de terra destinada a uma atividade econômica que não gera benefício qualquer, e que só gera problemas. Onde estão os benefícios?

São muitos os problemas, relatamos apenas alguns. Tem ainda o poder da Nova Dutra; o Arco Rodoviário; o conjunto habitacional no Km 53, à beira da estrada; a Maternidade à beira da estrada; etc. Problemas não faltam em Seropédica. Estamos aqui para ajudar a encontrar soluções.
Apesar de tudo, sempre fica uma esperança no amanhã. Depositar no futuro muitas expectativas é uma tradição antiga, e esta ganha mais notoriedade na mudança de ano.
O Diário da Lixolândia deseja a todos um futuro melhor, sempre. 
Obrigado pelo apoio!


(Infelizmente, ontem, dia 29/12/11, no momento em que este texto era gestado, houve um acidente de trânsito na rua 7, entre uma moto e um carro. O espetáculo revela bem o que sempre falamos aqui: o atendimento médico demorou; as pessoas mexiam nas vítimas, tentavam mudá-las de lugar; os motoqueiros acham-se donos das ruas; colegas dos rapazes da moto pegaram a moto acidentada e a tiraram da cena do crime, e por aí vai. Cenas da crônica de Seropédica. Saúde para os rapazes!)